15.2.11

LUA CHEIA: mais uma história


O jovem hipopótamo olha-se no espelho do lago e diz, tristemente:

- Sou tão feio! Tenho a boca enorme, dentes separados, uns olhos de choro, orelhas ridículas e um corpo? oh, um corpo tão deselegante, tão desajeitado que nunca vou poder dançar com ninguém.

O jovem elefante também se olha no espelho do lago e diz, tristemente:

- Sou tão feio! Tenho uma tromba imensa, orelhas de abano, olhinhos piscos e um corpo? oh, um corpo tão trangalhadanças e descomunal que nunca vou poder jogar às escondidas com ninguém. Mas, quando o jovem hipopótamo, depois de, tristemente, se ter mirado no espelho do lago, levantou a cabeça, viu, na outra margem, uma jovem hipopótama.

- Que linda! - exclamou. - Tem uma boca grande e expressiva, dentes bem implantados, uns olhos enternecidos, orelhas mimosas e um corpo tão elegante que apetece logo convidá-la para dançar.

Também o jovem elefante, depois de, tristemente, se ter visto reflectido no espelho do lago, ao levantar a cabeça, deparou com uma jovem elefanta, na outra margem.

- Que encantadora! - exclamou. - Tem uma tromba ondulante, orelhas cheias e contentes, uns olhinhos maliciosos e um corpo tão resplandecente de vida que apetece logo pedir para jogar às escondidas com ela.

É de ficar por aqui. A estas horas, o jovem elefante e o seu par jogam às escondidas, correm, perseguem-se, riem, à beira do lago. Que felizes que eles estão! Estão eles e estamos nós. Até a Lua, bem redonda e festiva, que sobe pela noite, se debruça lá do alto, para não perder nem um pouco de perfume da Primavera, a despontar na terra, nos animais, nas plantas, em tudo o que é vida e anuncia a felicidade.